Objetivo
Professora: Maria Eduarda Neves
É tempo de semear! Como nos cuidados com a terra, em que se faz necessário conhecer o ambiente onde se caminha, estar atento aos sinais da natureza para só então preparar o solo, semear e cultivar, o trabalho pedagógico segue este mesmo fluxo de interação: escuta atenta, observação, reflexão, ação. As crianças experimentam uma nova fase repleta de novas experiências, descobertas e desafios. Portanto, as propostas de atividades visam adaptar-se a seus ritmos, interesses e necessidades.
Em 2019, tivemos como eixo norteador o tema “Línguas Indígenas”, onde buscamos nos conectar aos temas da natureza baseados na ótica indígena, debruçando-nos sobre suas linguagens, tecnologias, artes, modos de vida, tomando como inspiração e referência valiosa a ser incorporada em nossos cotidianos, os valores ancestrais de profunda conexão e respeito ao meio ambiente que esses povos nos ensinam. Dando continuidade ao trabalho de 2019, a partir da incorporação desses valores tão importantes no âmbito socioambiental, investigaremos em 2020, o tema proposto pela UNESCO: Saúde das plantas.
Inspirados no tema, as atividades na horta e nos jardins, através do livre brincar na natureza, visam desenvolver atributos importantes dessa fase de desenvolvimento como as habilidades socioemocionais, a expansão da motricidade fina e ampla, a ampliação do repertório sensorial e cognitivo, a capacidade de memorização e reprodução de eventos, a livre manifestação do campo simbólico através das brincadeiras de “faz de conta” entre outros, nesse espaço privilegiado que é a natureza. Além desses aspectos principais, visamos indiretamente responder a questões fundamentais para a compreensão do ambiente que nos rodeia, em conexão ao tema proposto, como, por exemplo: “Plantas são seres vivos?”; “Quais os ambientes onde vivem?”; “Por que as plantas são importantes?”.
A partir da compreensão de que plantas também são seres vivos, é possível ampliar a percepção das crianças quanto à diversidade de vida existente e também sobre a necessidade de respeito e cuidado a toda e qualquer forma de vida. É possível também instigar sua curiosidade provocando-os com questões como “Então plantas também sentem sede?”, “E fome?”. De forma simplificada, adaptada às crianças, mas dando sentido à atividade de regar e adubar as plantas da horta, por exemplo. Assim, abrimos espaço para que alguns atributos característicos da fase de desenvolvimento que está por vir, que é a fase dos “por quês” e também da personificação (ato de atribuir características humanas a tudo que se conhece) se manifestem livremente.
Investigando os ambientes habitados pelas plantas, descobrimos que existe vida em todos os lugares e que há um mundo a ser descoberto na terra e também nas águas de rios e oceanos. Explorando a importância das plantas, descobrimos que existem muitos outros animais na natureza além de nós, que também dependem destas para garantia de alimentação, abrigo, qualidade de vida, saúde e bem-estar.
Além de atividades na horta e jardins, as propostas de Interação Ambiental são realizadas através de contação de histórias e lendas, montagem de experiências, aplicação de jogos e brincadeiras, criação de brinquedos, degustação de alimentos e uso de materiais didáticos.
Participar deste processo de descoberta do mundo interno e externo das crianças é dar voz e ouvidos a elas, de forma a oferecer ferramentas que estimulem esse desenvolvimento, reconheçam suas potências e concedam seu devido valor. É um convite diário à auto-observação, ao despir de certezas, para permitir-se enxergar pelas lentes de um olhar totalmente novo diante do que, por vezes, pensamos já conhecer.